Quando o vento sopra diferente e a espinha arrepia, o Poeta fecha a janela. A dança das folhas do coqueiro soam muito mais ameaçadoras do que belas. Mas no fundo algo sempre brilhava na noite. A musa aparece pelo papel e na ponta dos dedos enroscada por um fio da cabelo ruivo na pulseira dele.
Como amuleto a proteção já pedida, sem mesmo que a musa soubesse, a pedra vermelha já concertada protege os dedos e guia a poesia.
A paz natural interior se restaura, nos olhos e no corpo do poeta que relaxa os ombros sobre o sofá enquanto a visibilidade na sala diminui. As batidas das musicas e os sopros de fumaça despejam poesia no ar e no papel até o poeta parecer satisfeito e sair de si em segundos intermináveis.
Sentir cheiro de madeira envernizada e grama cortada, ouvindo mar e sentir gosto de fim de dia e maresia (todas elas). Sentiu cheiro de grito de criança e tinta óleo.
E voltou em um lapso de musica psicodélica que tocava no radio, lendo o futuro que já escreveu em alguns dias o poeta.
O tempo que parece oscilar entre correr e se arrastar parece que se estabilizou e decidiu encerrar o jogo e virar aliado e rei da verdade. O poeta se concentra na ampulheta e faz uma prece, agradece a vida. Aquela que já tem e aquela que ainda vai levar.
Joga o cabelo pela janela, reverencia a lua e joga um beijo no vento pra ela pegar, agradecendo por ela apenas existir.
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