28 de jan. de 2012

O poeta e seu modo de estar. Os dias passam e o tempo ruge dentro do armário. Não adianta mais, o mundo ja mudou demais para o poeta acreditar. A poesia lhe salva na sanidade interna, enquanto os malucos do lado de fora estão hipnotizados na frente da tela.
Dentro do quarto escuro a mente trabalha explodindo e expandindo-se. Dentro do armário mais um grito do tempo, maldito. Olho pela janela em busca da lua. Ela sorriu para mim e se foi. Escureceu como a lâmina afiada da navalha no meio do braço. Vermelho escuro, pingando sobre poesias escritas na areia. Mais uma oração rezada a beira d'água. Pro mar levar o sangue e as palavras, a sinestesia delas tem seu destino. A baia calma sem ondas a maré sobe. Lhe beija os pés e lava o sangue. A poesia se desfaz e vai na água, pro fundo daquele mar calmo. O turbilhão se transforma em tontura, pelo gole do veneno tinto. Que se mistura com sangue, deixando ainda mais doce aquele veneno.
Um grito tira o poeta do transe, alguma musica boa começou a ser tocada. O barulho do batuque fez parar e olhar pro mar. Ali ficaria. Uma flor branca tirada do vizinho foi seu ultimo gesto. A baía se agitou com a flor. Que incrivelmente afundou devagar. Uma unica lágrima caiu. E a noite fez-se escuridão. Pelo menos nos pensamentos. O poeta dormiu.