31 de out. de 2012

O Poeta assopra desesperado apontando para o céu, esperando que as nuvens descobrissem a lua, quase implorando por algum alento.
O coração parece pesar enquanto ele bate com força os botões da maquina de escrever, que debaixo da janela ainda esperava a lua para brilhar o papel. Algumas lágrimas parecem querer brotar, mas prefere levantar e fazer um escalda pés e pegar o cachimbo de madeira trabalhada de e voltar os olhos pra janela esperando que ela apareça.
Alguns arrepios correm o corpo todo, que pede uma blusa ou mesmo o cobertor da cama. Falta o corpo dela e falta sono. Revirando o corpo e os olhos pro teto ou pra janela. Aflito ele levanta e liga o ventilador, mas desliga porque o barulho também espanta o sono.
O Poeta volta para cama com o cachimbo, mas com leve gosto salgado no canto da boca resolve dormir.

18 de out. de 2012

O Poeta desperta do sono com o vento lambendo seu corpo nu. Os sonhos eram estranhos e perversos, mas tinha um gosto de tortura boa. Enquanto como gatos Poeta e musa brincavam com uma e outra sombra, assim como os gatos gostam de brincar com suas presas. Mesmo com o sonho o poeta sorri sentindo a respiração dela dentro do seu próprio abraço.
De leve para não acorda-la ele sai e acende um cigarro verde na janela, admirando as curvas do sorriso aos pés, contornando cada pedaço que derruba delírios e litros de amor. Cada milimetro sonhado velado nos suspiros sonâmbulos dela que dormia tão calma.
O calor do corpo, depois da brasa apagada, debaixo do calor doce do cobertor o Poeta deita pra sonhar afogado nos cabelos dela. Sonhos com três pares de pés descalços e muita areia. Contornados por muitas e muitas notas musicais agridoces de toda as suas almas.