14 de ago. de 2012

O poeta acordou sorrindo, mas um sorriso angustiado. O sonho anunciava o dia conturbado. O sol pouco ajudava escondido detrás de várias nuvens. Depois de gritar bom dia pro vento, levar pra musa, esquentou o café. Brincou com a faca e limpou a mesa para usa-la. Cada minuto angustiava as palavras. O céu abriu pra ele depois de um ou dois sopros, mas algo ainda ameaçava chover. Ele então encheu-se de cor, de amor tão livre, quanto as músicas soladas em instrumentos estranhos. Tão apaixonado pela sua poesia quanto sua musa ele vê gotas choverem no seu colo. Cada soluço corta o coração amante do poeta, que segura o mais forte que pode as contrações da poesia. Cada detalhe amedrontado e acuado, sensível e tão pouco entendida. Só percebida pela paixão louca dos dois. Para no fim das contas os sons que acabam enchendo o mundo são risadas. O colorido se abre para a musa, de peito aberto. O poeta entrega sua arte e sua alma, na ponta da faca e do lápis. Só para amar, gratuitamente. Cada detalhe. Com o cachimbo nos lábios o poeta desaba sobre a cama, sentindo o cheiro, esperando mandar nos sonhos.

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