31 de ago. de 2012

A cabeça do poeta ferve. A maquina de escrever começa a esfriar com o ar gelado que entra da janela. Ele pega seu cachimbo e senta na soleira da janela a olhar sua musa. Ela dorme como um anjo enrolada em duas ou três cobertas. Faz barulhinhos dormindo e aconchega o nariz entre os travesseiros. O poeta segura a fumaça, prendendo o seu cheiro na memória. Os olhos dele encontram a lua. E ele se confessa.
O poeta teme, declara seus medos para a lua que deveria ser azul. Isso, o mesmo poeta que arrisca teme pela sua escrita. A poesia da sua vida esta longe de estar sob controle. Os sonhos de futuro se desenham nos formatos que o cobertor toma sobre ela. Ele ainda teme e treme com os desejos que aparecem. O poeta sonha, e quase cai do parapeito. O cachimbo apagado é o que menos preocupa, depois que certos traços são revelados aos olhos fechados.
O som da janela acorda a musa, que espreguiça e procura ele com os olhos sorrindo mais que os lábios. Cada traço misturado que vê, de olhos fechados, vira linhas infinitas de futuro. Ele a beija e sorri, sabendo do amor, tão poético quanto a mistura de olhos grandes com outros nem tão grandes assim.
O poeta grita um eu te amo, pra brincar com as cores dela, enquanto deita para faze-la dormir no seu peito.

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