29 de jul. de 2012

Com um arrepio de frio causado pelo vento, o poeta desperta do sono. O corpo nu, ainda trêmulo do arrepio. Mas a janela fechada intriga se já não fosse eminente o sorriso, nada inocente, preso aos lábios da musa. Captando cada detalhe dela pela ponta dos dedos, explora cada centímetro do corpo que lhe esquentava. Cada sopro que corria seu corpo, ela quase gargalhava quando eram as mãos dele que amassavam o travesseiro. A luz do dia ainda era fraca, mal amanhecia ou mal tinham dormido, sobre isso pouco podiam dizer. As bocas quando não ocupadas pelas línguas afoitas, estavam ocupadas acordando um ou outro vizinho. Cada pedaço de pele pouco lucida e suada, grita, mas não só pela boca. Grita arrancando a pele dele. Grita arrancando poesias faladas ao pé do ouvido, quase de dentro pra fora, da musa. Distorcidos pela pouca luz, contorcidos e amarrados dentro dos abraços. Um dia após o outro o poeta resignifica a vida. Dia após dia a poesia toma conta dele, em todos os seus sentidos.

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