23 de mar. de 2012

O poeta corre e escorre de um lado para o outro em frente a janela. O céu agora é escuro-ameaçador. o copo é transparente vazio. Os dedos amarelos e os olhos vermelhos. Perdido na névoa que ele mesmo provoca, ele comemora. Faz sinais para o vento e alguns feitiços velhos, aprendidos a tempos. Dispara segredos, abre os braços pro vento. Elemental o isqueiro aceso peitando o vento, escreve o manuscrito, uma nova/velha oração, um feitiço ou magia. Despacha pelo vento, em olhos fechados, observa o vento quebrar galhos e arrastar folhas.
Novo copo cheio, um brinde com outro pé de vento que entra pela janela do quarto, agitando e revirando poeira do chão e cabelos da cama. Quantos arrepios ao soltar cabelos no vento. Escorrendo entre os dedos, o perfume e a voz chegam ao peito. O poeta encara o céu, que devolve o olhar com uma e outra estrela fugindo da nuvem no meio da noite.
O poeta limita-se a gritar em silêncio, o que sussurra quase gritando no ouvido dela.

Nenhum comentário:

Postar um comentário