18 de mar. de 2012

O poeta aconchega-se ao frio do cobertor, a respiração é densa e alegre. Na frente do espelho reflexos notórios da beleza inerte e louca, que se desenvolve dia a dia. O vento frio feito ou natural desarruma a casa, os pelos e o cabelo.
A luxúria perplexa dos movimentos agora sincronizados ao raiar do sol atrás de algum morro por ai, enquanto o poeta ainda se perde na bruma louca do suor e gemidos baixos.
As estrelas que caem do céu para os olhos daquela que suspira sob os lençóis, escondida debaixo do travesseiro. Congelando o corpo descoberto, ela dança, se contorce e canta.
A voz rompe uma barreira ou duas e cala o chuveiro, cala a betoneira e o rock do vizinho. A fronha sofre as consequências dos gritos abafados, enquanto o colchão é sumariamente arranhado.
O quarto abafado pelo frio emana os cheiros delirantes e adocicados de tantos versos ditos em silêncio ou aos gritos exagerados.
Pobre poeta, com o próprio coração pulsante nas mãos ele ri, louco de pedra e joga pra cima e agarra de novo. O sorriso é largo e incrivelmente sóbrio, na medida do plausível.
A poesia apaixona as flores mais ásperas, pelo menos por fora, o poeta rega e cultiva uma das mais belas plantas carnívoras, de veneno fatal.

Nenhum comentário:

Postar um comentário